Ceratocone

O ceratocone é uma doença degenerativa progressiva da córnea que ocorre em 1 cada 2 mil pessoas. E está associada a baixa de visão geralmente por alta miopia e astigmatismo. Caracteriza-se pelo aumento da curvatura corneana associado ao afinamento da córnea e a formação de cicatrizes em casos mais avançados.

 

O tratamento baseia-se na melhora da visão através da correção da curvatura acentuada da córnea. Em casos iniciais, correção da ametropia (grau) é feita com óculos e, naqueles casos onde os óculos já não permitem boa visão, faz-se uso de lentes de contato

Há mais de 5 anos, quando o paciente não conseguia boa visão ou adaptação a lentes de contato, indicava-se o transplante de córnea. Ainda hoje, o ceratocone é a principal causa de transplantes no Brasil.

Nos últimos anos, o melhor entendimento da doença introduziu novos tratamentos que diminuíram em muito a necessidade de transplante e levando a uma visão de qualidade aos pacientes.

CAUSAS E FATORES DE RISCO DO CERATOCONE

Ainda não se conhece a causa exata da doença. Possivelmente, as alterações na superfície da córnea sejam resultado de inúmeros fatores que contribuem para a perda de elementos estruturais dessa membrana e vão desde o decréscimo no aporte de colágeno até o ato de esfregar ou coçar os olhos com frequência. Por isso, o risco de desenvolver ceratocone é maior nos pacientes alérgicos, que sentem muita coceira nos olhos. Ele também está presente nos portadores da síndrome de Down ou com alterações oculares congênitas, como a catarata e a esclerótica azul (branco do olho), por exemplo.

 

 

SINTOMAS DO CERATOCONE

Há casos de pessoas com história da doença na família que apresentam um quadro de ceratocone subclínico, sem sintomas. Quando eles aparecem, porém, variam de acordo com a fase da doença. O mais característico é a perda progressiva da visão, que se torna borrada e distorcida (tanto para longe quanto para perto) e obriga a aumentar com frequência o grau das lentes dos óculos até que a solução é substituí-los por lentes de contato, que podem ser de diferentes tipos.

Outros sintomas incluem:

  • Sensibilidade à luz (fotofobia);
  • Comprometimento da visão noturna;
  • Visão dupla (diplopia);
  • Formação de múltiplas imagens de um mesmo objeto (poliopia) ou de halos ao redor das fontes de luz são outros sintomas da doença.

O recuo da pálpebra inferior provocado pelo crescimento do cone, quando a pessoa olha para baixo (sinal de Munson), e a perda aguda da visão causada pelo escape do humor aquoso que flui para dentro da córnea (hidropsia) são complicações que podem surgir nos estágios mais avançados da doença.

 

TRATAMENTO DO CERATOCONE

Nas fases iniciais, quando a deformação da córnea não é grave, o uso de óculos é suficiente para recuperar a acuidade visual. No entanto, à medida que o ceratocone evolui, os óculos precisam ser substituídos por lentes de contato, que ajudam a ajustar a superfície anterior da córnea e a corrigir o astigmatismo irregular provocado pela deformidade.

 

Um avanço importante no tratamento do ceratocone é o crosslinking, uma intervenção que tem por objetivo fortalecer as moléculas de colágeno da córnea para evitar que ela continue abaulando. Basicamente, a técnica consiste em raspar a superfície da córnea, para depois aplicar um colírio à base de vitamina B2 (riboflavina) e, em seguida, um feixe de luz ultravioleta.

O procedimento é rápido, realizado sob anestesia local, não exige internação hospitalar e dá bons resultados na imensa maioria dos casos.

Existem ainda outras opções de tratamento, como os anéis intracorneais ou intraestromais, chamados anéis de Ferrara, que são utilizados para regularizar a curvatura da córnea, quando os óculos e as lentes de contato não produzem mais o efeito desejado.

Embora o ceratocone seja uma causa frequente do transplante de córnea, ele só é indicado em um número pequeno de casos mais graves, quando os pacientes deixaram de responder bem às outras formas de tratamento. Ele consiste na substituição da córnea comprometida pelo ceratocone por outra saudável de um doador e disponibilizada num banco de olhos. São raros os casos de rejeição, mas o transplante pode ser repetido se houver algum problema.

Rolar para cima